Analisar os dados apresentados pela Oi a seus credores no processo de reestruturação permite uma leitura mais precisa do quão delicada está a situação da operadora, para além da leitura simplista de que que uma dívida de R$ 50 bilhões, em qualquer circunstância, já seria de difícil administração.
Em sua apresentação aos credores, a Oi mostra o cenário atual, que segundo a própria empresa é insustentável. Mantidas as condições atuais, a companhia terminaria este ano com pouco menos de R$ 700 milhões positivos em caixa, chegando ao final do ano de 2017 com um caixa negativo em R$ 8,4 bilhões e, em 2018, com um caixa negativo de R$ 17,3 bilhões. Isso, segundo a própria empresa, sem condições de ter acesso a mais linhas de financiamento. Ou seja, a empresa fica inviável a partir de 2017.
Uma das premissas da proposta de negociação feita aos credores seria evitar a recuperação judicial. Ao mesmo tempo, com o alívio de caixa decorrente da renegociação, a empresa diz que conseguiria executar um plano estratégico desenhado que, segundo a operadora, é viável e competitivo, mantendo-se bem posicionada no mercado. O plano estratégico, contudo, não prevê nenhum salto mais expressivo. Os patamares de investimento anuais ficariam na casa de R$ 5 bilhões ao ano nos próximos três anos, crescimento moderado no EBITDA e a possibilidade de a operadora manter um patamar mínimo de R$ 5 bilhões em caixa anualmente.
A proposta apresentada pela empresa para a renegociação, até aqui não aprovada, é complexa e varia para cada credor de acordo com o tipo de dívida, mas em geral consiste na troca de 50% do valor da dívida por participação societária e o alongamento dos 50% restantes, com possibilidade de recuperação de 25% do principal. Com isso, a dívida cairia de R$ 51 bilhões para R$ 23 bilhões.
Como a própria empresa informou ao divulgar os termos da negociação, a proposta não foi está fechada. Os documentos revelam, de outro lado, uma contraproposta dos detentores de dívida, que preveem que 95% do capital da companhia passaria para os credores, ficando os atuais acionistas com 5%. Também há variações no percentual de participação dos credores em cada uma das empresas do grupo Oi, possivelmente para evitar uma exposição maior às empresas com maior risco regulatório. Os credores também exigiram que 95% dos detentores e dívida aceitem o acordo, e concederiam um prazo de 7 anos sem vencimentos do principal. Ainda assim, a recuperação judicial ficaria no horizonte da operadora, caso fosse necessária, segundo a contraproposta dos credores. Esta negociação, ao que dá a entender a companhia, ainda está em curso.